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Publicado em 12 de junho de 2025 às 12:06
O Espírito Santo é uma rota estratégica para energia eólica — gerada a partir do vento — no oceano. Foi o que apontaram especialistas nesta quarta-feira (11) durante a Feira Sustentabilidade Brasil 2025, que acontece até o próximo sábado (14), na Praça do Papa, em Vitória, enquanto discutiam o potencial do litoral brasileiro, no “Transição Energética Global e o Futuro da Economia Azul”. O evento, que integra a preparação nacional para a COP 30, reforçou que o mar pode ser mais do que um recurso natural, pode se tornar uma fonte estratégica de energia limpa, empregos verdes e desenvolvimento regional sustentável. >
Para especialistas, o Espírito Santo é um dos Estados propícios a adotarem o novo meio de energia renovável a partir dos ventos oceânicos. Segundo a presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, o Estado reúne um conjunto de vantagens: localização estratégica, linhas de transmissão próximas ao litoral e portos estruturados.>
Elbia Gannoum
Presidente-executiva da ABEEólicaEla também destacou que o Brasil já possui projetos eólicos offshore em análise, com potencial estudado de cerca de 1 terawatt. “O Brasil tem hoje cerca de 230 gigawatts de capacidade instalada. Quando eu somo o potencial eólico, eu ainda tenho espaço para explorar. Estou falando de cerca de 1,5 terawatt”, pontuou.>
Para o economista e engenheiro Emilio Lèbre La Rovere, o Brasil — e particularmente o Espírito Santo — pode converter sua experiência offshore em petróleo em uma nova matriz limpa, regenerativa e sustentável. >
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Ele observa que o Espírito Santo apresenta um cenário energético diversificado, que vai além da energia eólica. O Estado possui uma longa tradição no aproveitamento da biomassa florestal, impulsionada pela indústria de celulose e papel, e está bem posicionado para explorar biocombustíveis de segunda e terceira gerações.>
Emilio defendeu, ainda, que o país invista não apenas em geração de energia, mas também em pesquisa, capacitação profissional e fortalecimento das comunidades costeiras, garantindo que a transição energética ocorra de forma justa e inclusiva.>
Para garantir que esse avanço ocorra de forma equilibrada, o licenciamento ambiental será decisivo. O analista ambiental Eduardo Wagner, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), alertou que os projetos de eólica offshore podem afetar ecossistemas marinhos, rotas migratórias de aves e comunidades pesqueiras. >
Segundo Wagner, há muitas nuances envolvidas no tema, e já existem comunidades com resistência, especialmente aquelas ligadas à pesca, que vivenciaram impactos anteriores e temem um novo ciclo sem participação adequada.>
Eduardo Wagner
Analista ambiental do Ibama
A energia eólica é uma das principais fontes de geração de eletricidade renovável e pode ser classificada em dois tipos, conforme a localização dos aerogeradores: onshore e offshore. A eólica onshore é instalada em terra firme, geralmente em áreas planas e com alta incidência de ventos, como no interior nordestino brasileiro.
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Já a energia eólica offshore é gerada a partir de turbinas instaladas no mar, onde os ventos são mais fortes e constantes, o que aumenta o rendimento dos equipamentos e a estabilidade da geração elétrica. “Temos um grande potencial de eólica onshore no Brasil, que tem um rendimento muito bom, as turbinas funcionam 45% do tempo, já no oceano é 60%. No exterior, a diferença é muito maior, em terra, os parques eólicos funcionam 30% do tempo e no oceano 60%, logo é mais vantajoso”, explicou Emilio.>
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